sábado, 4 de fevereiro de 2012

Artigo: O capitalismo e o Advento de uma sociedade de consumo


O capitalismo e o Advento de uma sociedade de consumo

Disponível em: www.colégiomaededeus.com.br/Acesso em: 25/01/2012

Camila Fernandes - Colégio Mãe de Deus – T. 301

Resumo: A condição da redução do cidadão em consumidor, e a criação de tal cultura global, deram-se através do ciclo vicioso produtivo gerado pelo surgimento do capitalismo. Tal sistema, para existir, necessita de um mercado que o mantenha e o renove. Logo, a sociedade capitalista em surgimento criou o mito do consumo como sinônimo de bem-estar e meta prioritária do processo civilizatório, obtendo os alicerces necessários para a sustentação de todo o sistema e criando as bases para a formação de uma sociedade baseada no consumo.

Palavras-chave: capitalismo – sociedade de consumo – ciclo vicioso – cidadão consumidor

Introdução

O capitalismo é um sistema econômico caracterizado pela acumulação de recursos financeiros e materiais. Seu inicio deu-se na Europa com a transferência do centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade. Logo ocorreu um processo de monetarização. Onde antigamente as relações de compra e venda era baseada na necessidade dos indivíduos, começou a existir uma prática comercial baseada no valor de troca ao invés do seu valor de uso, estimulando uma economia que, gradativamente, começou a ser baseada em valores numéricos relativos a mercadorias.
Esta prática levou ao surgimento de uma sociedade capitalista baseada no consumo. Contudo, para que isto acontecesse foi necessária a criação de uma cultura presente em cada pessoa e na comunidade internacional como um todo. Deste modo, o sistema capitalista utilizou-se de vários artifícios que culminaram em nosso atual modelo econômico e estilo de organização social.
Assim sendo, esses itens foram imprescindíveis para a nossa formação atual. Por isso, pretendo analisar essas primeiras fases compostas por esses elementos do capitalismo em ascensão que, ao longo do tempo, levaram ao surgimento de um caráter consumista em todos os componentes da sociedade contemporânea. V. 1 Nº 1, Setembro, 2010.
                                                                                                                       
O surgimento do cidadão consumidor

A sociedade baseada no  consumo em grande escala não surgiu de repente. O seu
surgimento foi um longo e demorado processo e deu-se devido uma sucessão de fatos que, ao se acumularem, propiciaram seu surgimento ao longo da história. O termo sociedade de consumo é usado para designar uma sociedade que se encontra numa avançada etapa de desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços, disponíveis graças a elevada produção dos mesmos. Esse surgimento deu-se com o surgimento do capitalismo.
A acumulação primitiva de capital retirou a propriedade privada dos camponeses e colocou nas mãos da burguesia em ascensão. Esses camponeses transformaram-se em
trabalhadores assalariados e disponíveis a uma burguesia, que com o fim do absolutismo
detinha o controle dos meios de produção. O contexto da revolução industrial, por volta de 1760, e a passagem do capitalismo comercial para o industrial deram início ao processo de agilização da produção e fizeram com que fosse possível, em 1914, o surgimento da primeira linha de montagem automatizada e a produção em grande escala.
O aparecimento do capitalismo fez com que surgisse uma peça fundamental em sua existência, o cidadão consumidor. “A natureza própria do capitalismo exige, para sua sobrevivência, acumulação e investimentos crescentes.” (COSTA LIMA, 98) Necessitando de tais aspectos, os capitalistas estimulam o processo de produção e de consumo. Com uma maior produção, o mercado tem de absorver essa demanda. Para isso, eles utilizam artifícios –como a publicidade, a mídia, o fenômeno atual dos shoppings centers, entre outros  – para estimular a venda de seu produto, terminando um ciclo de vendas e iniciando outro de produção.
Então, o cidadão consumidor foi o meio encontrado pelo capitalismo para que o
contingente de produção fosse absorvido. Logo, este se tornou o elo entre o novo ciclo da produção e o ciclo do consumo, gerando um só ciclo: o ciclo vicioso do mercado capitalista.
Contudo, o consumo exacerbado – característica do capitalismo atual – não existia no início das sociedades capitalistas. Para que esta se desenvolvesse e atingisse seu estado atual foi necessária a criação de um mito, o mito do bem-estar através do consumo.

 O mito do bem-estar através do consumo

Com a necessidade de fazer o mercado girar, e atingir níveis antes não imaginados, a sociedade capitalista criou o mito do consumo como algo bom e imprescindível para os cidadãos. Para isso, a capacidade aquisitiva se tornou um meio de classificar as pessoas, bem como a quantidade e a qualidade do que estas consomem.  V. 1 Nº 1, Setembro, 2010.                                                                                                                        
No momento em que o consumo se torna a base da divisão populacional, consumir tornou-se uma forma de prestígio social. Então, ao consumir algo pertencente a uma classe superior as pessoas sentiam-se felizes e incluídas na sociedade. Desse modo, foi criado o mito do consumo e a principal característica do capitalismo: a obsessão por este consumo.
Logo, a lógica capitalista de produção voltou-se para atender as supostas necessidades do consumidor e estimular suas necessidades artificiais para promover uma rotatividade e acumulação do capital investido. É importante perceber que o sistema capitalista de produção que supre as necessidades dos cidadãos é o mesmo que as cria. Através de métodos de competição entre os consumidores, da publicidade e do marketing, ele faz com que tenhamos o desejo de consumir cada vez mais produtos, muitas vezes supérfluos.
Com um aumento populacional, houve um aumento significativo no consumo,
principalmente nas últimas décadas.  Com a globalização, as empresas puderam se expandir, oferecendo mais produtos e ampliando o seu alcance. O aumento da estrutura capitalista facilitou as relações comerciais entre os países. Contudo, a base de sustentação do capitalismo, e de todas as relações nele envolvidas, continua a mesma: a rotatividade e a manutenção do mercado.



O ciclo vicioso do mercado

O capitalismo possui um ciclo rotativo. Ao consumirmos um produto estamos
exigindo que o produtor deste aumente sua demanda. Ao aumentarmos a demanda de
produção de determinada fábrica ou indústria estimulamos o surgimento de novos empregos, o aumento de salários, entre tantas outras conseqüências. Um maior número de trabalhadores com um salário melhor, que consequentemente se transformarão em consumidores, fazem com que o ciclo do consumo se inicie outra vez. (BUENO, 2008). Por isso, o surgimento do cidadão consumidor foi tão importante para a rotatividade do mercado, pois é ele quem a recomeça todas as vezes que esta se completa. Consequentemente, a renovação do mercado se tornou indispensável para que a economia se movimente e que os países se desenvolvam. O modelo da sociedade de consumo está tão enraizado na sociedade contemporânea que algumas pessoas chegam a afirmar que ele é irreversível.
Irreversível ou não, uma sociedade baseada no consumo possui uma grande instabilidade. A queda brusca do consumo pode fazer com que muitos países entrem em crise devido à alta demanda e pouca procura. Ao mesmo tempo, a alta procura pode fazer com que os níveis inflacionários de um país cresçam vertiginosamente, atingindo todos os setores da população. V. 1 Nº 1, Setembro, 2010.                                                                                                                        
Apesar de todas as falhas existentes no sistema capitalista, o ciclo vicioso do mercado é seu principal alicerce. Não é à toa que o capitalismo viu fracassar inúmeros modelos político-econômicos cuja base de rotatividade de seu mercado não fosse tão necessária e presente em todo o sistema. Portanto, a consolidação deste ciclo foi o último passo para que surgisse uma gigantesca sociedade baseada no consumo.

Considerações Finais    

Na realidade capitalista tornou-se imprescindível a existência de diversos setores
consumidores na população, visto que o cidadão consumidor é a principal característica da sociedade como um todo. Atualmente, a melhor maneira encontrada para “alimentar” esse mercado foi através da globalização. Através da globalização, conseguimos nos relacionar com pessoas do mundo inteiro e, ao mesmo tempo, consumir produtos do outro lado do planeta utilizando artifícios tão comuns nos dias de hoje como a internet.
Pelo cidadão consumidor, o mercado capitalista conseguiu expandir o seu alcance. Isso fez com que as relações mantidas para a manutenção do mercado  – o ciclo produção/mercado/consumo/produção... – se fortalecessem e que hoje se tornassem um ciclo vicioso sem meio, início e fim. Afinal, tudo faz parte do grande sistema capitalista em que vivemos e da sociedade contemporânea de consumo existente, onde o consumo e a produção são apenas uma pequena parte de todo o sistema.
Com o surgimento de principais alicerces, surgiu esse modelo de sociedade e todas as relações nela envolvidas. As discussões sobre suas conseqüências e a quem este tipo de sociedade beneficia já causaram muitas brigas. Entretanto, o fato mais importante a ser destacado, ao invés de classificar a sociedade como boa ou má, é a criação do cidadão consumidor. Mérito ou não das pessoas que o idealizaram, ele foi o principal ponto do surgimento do capitalismo e, por conseguinte, da sociedade de consumo e que perdura até os dias de hoje com uma relevância tão grande quanto possuía antigamente.V. 1 Nº 1, Setembro, 2010.     



                                                                                                                  
Referências
BUENO, Chris. A insustentável sociedade de consumo. Com Ciência: Revista Eletrônica de
Jornalismo Científico, São Paulo, n. 99, p.1-3, 10 jun. 2008. Mensal. Disponível em:
<http://www.comciencia.br/comciencia/index.php?section=8&edicao=36&id=429>. Acesso
em: 03 mar. 2010.
FEATHERSTONE, Mike.  Cultura de consumo e pós-modernismo.  São Paulo: Studio
Nobel, 1995. 201 p. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?id=15__7hPkpIEC&printsec=frontcover&dq=Cultura+de
+consumo+e+p%C3%B3s-modernismo&hl=pt-BR&ei=zpHTP2PCcGC8gbWyrDoAQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC0Q6A
EwAA>. Acesso em: 05 abr. 2010.
LIMA, Gustavo F. da Costa. Consciência Ecológica: emergência, obstáculos e desafios.
Política e Trabalho, Paraná, p.139-154, 05 set. 1998. Semestral. Disponível em:
<http://www.cefetsp

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